Pra iniciar os trabalhos, selecionei uma poesia belíssima do Mestre Paulo César Pinheiro intitulado Roda de Choro.
Roda de Choro - Paulo César Pinheiro
IO choro é como
Um vestido de roda
Que não segue a moda,
Que a moda não dura.
O seu tecido
É de fino novelo,
Parece um modelo
Da alta-costura.
O cavaquinho
Pesponta por dentro
Alinhava no centro
O bordado da flauta,
E o sete cordas,
Exímio na linha,
Remata a bainha
Da barra da pauta.
Os violões
Vão tecendo a fazenda
Com tramas de renda
Feito um trancelim,
Enquanto o molde
Do choro é cortado
Pelo dedilhado
De um bandolim.
II
O alto-relevo
Suave do pano
Quem faz é o piano
Com a ponta do fio,
E o acordeom
Recorta a silhueta
Quando a clarineta
Desenha o feitio
Trombone chega
Trazendo os enfeites,
Botões e colchetes
E uma pala nova
Depois o sax
Ajeita o bordado
E ajusta do lado
Pra última prova.
É o pandeiro
Que dá o caimento,
Faz o acabamento
Com fecho de ouro
E não tem moda
Que faça um vestido
De fino tecido
Mais lindo que o choro.
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